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Você não é Carrie Bradshaw!

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Não sei se você prestou atenção, mas uma das cenas mais interessantes de “Sex and the City 2” pode ter passado despercebida. Carrie e Big no casamento do melhor amigo gay são abordados por outro casal. No mundo fictício do seriado, Carrie é uma escritora tão célebre quanto em nossa realidade. A mulher explode: Eu sou você!

Claramente, ela não o é. E descobre, com certa decepção, o abismo entre elas após alguns segundos de uma conversa desconfortável. Lembro muito bem de um ritual que eu e minhas amigas fazíamos anos atrás, quando o seriado ainda estava no ar.

Entre um Cosmo e outro lá vinha “Isso é uma coisa Charlotte de se dizer” ou “Meu Deus, isso foi muito Samantha” e a mais recorrente era “Eu sou tão Carrie”. Se você é mulher, ou homo, e já tinha idade suficiente para entender do que se tratava a música “I touch myself”, certamente já fez o joguinho “Quem você é em Sex and the City”.

Prático, normal.

Como não se relacionar com um ícone que é o superlativo da mulher atual? Especialmente quando essa mulher da ficção foi metodicamente construída para que você se identificasse? Vai dizer que durante a sessão do filme, quando Carrie abre o closet absurdo dela, você não suspirou alto e com som?

Isso aconteceu em todos os cinemas do mundo.

Carrie foi baseada em você e no que você mais deseja. Mas o que ocorre em nossa sociedade atual é uma explosão de blogs e livros, supostamente feministas - em maioria bem chatinhos, por sinal - onde as mulheres tomaram o caminho inverso. Fazendo os mesmos questionamentos, vivendo, sentindo e usando a mesmíssima fórmula de crônica e vida que Carrie. Preguiça.

É por isso que a Universidade Heriot-Watt, de Edimburgo, chegou à conclusão (assustadora) de que comédias românticas podem atrapalhar um relacionamento amoroso e a vida das pessoas. É isso mesmo! Os filmes e seriados simplificam a vida e algumas pessoas tendem a tomar isso como verdadeiro. O que acontece? Falha de comunicação com o parceiro. Com argumentos pouco plausíveis, aquela ideia de final feliz, cenas de sexo com iluminação impecável (onde todo mundo sempre chega ao orgasmo) e perfeição sem nenhum esforço por parte do casal da telinha, deixam todas nós na expectativa frustrada de um príncipe no cavalo branco.

Em minha vida já tive momentos cinematográficos (está certo que mais para filme francês do que para filme hollywoodiano), mas tudo tem limite. Não dá para ser uma viciada em drama, e já temos idade e experiência suficiente para saber que o perfeito não existe... A não ser nos roteiros estrelados por Sarah Jessica Parker.